As
organizações do contexto contemporâneo apresentam novas características em
relação às formas organizacionais que se constituíram em período anterior à
década de sessenta. Devido a esse fato, as teorias administrativas passam, cada
vez mais, a propor novas abordagens com um olhar diferenciado para o aspecto do
trabalho.
Ao
voltar a atenção para as inovações ocorridas no âmbito das organizações, Lúcia
Bruno (1997) assinala que existem três fatores a serem considerados. Nesse
sentido, as organizações se baseiam na globalização da economia,
transnacionalização das estruturas de poder e na reestruturação produtiva.
A
partir dessa analise, é possível dizer que o fator da globalização da economia
consiste na internacionalização do capital, que é um fenômeno constante desde o
inicio do capitalismo. Porém, é importante ressaltar que essa globalização
assume diferentes formas no decorrer do tempo. Ou seja, a aceleração da internacionalização
do capital se deu no momento da Segunda Guerra Mundial.
Como
resultado do processo de globalização da economia surgem três termos
importantes que necessitam ser claramente distinguidos. O primeiro termo se
refere às multinacionais que se tratam de empresas com atuação em outras
economias nacionais, sendo que a sua sede apresenta-se como muito importante.
De forma semelhante, o termo internacional é utilizado para designar o
inter-relacionamento entre várias nações para que atos de origem nacional sejam
colocados em prática. De outra maneira, o uso da palavra transnacional é feito
para indicar a inexistência do principio da nacionalidade no cenário
organizacional que vem se construindo mais recentemente.
É
possível afirmar que as empresas transnacionais se caracterizam pela manutenção
de processos mediados pelas tecnologias de informação e de telecomunicações.
Também possuem um caráter independente quanto aos governos, pois administram
uma economia própria. Vale ressaltar que a transnacionalização do capital traz
uma nova configuração acerca da estrutura de poder, sendo que esta ganha uma
idéia de democracia participativa, pluricentrada. Isto é, apresenta-se o
argumento de que as hierarquias em modelos piramidais e monocráticos devem ser
eliminadas.
As
pequenas e médias empresas surgem como um relativo contraponto à
transnacionalidade. Entretanto, se esclarece que as empresas citadas atuam, justamente,
de acordo com os movimentos realizados pelas grandes corporações.
Diante
desse quadro, observa-se, então, que as organizações precisam ser pensadas de
um modo diferenciado em conformidade com aquilo que está sendo constituído com
relação ao ato de trabalhar. Os trabalhadores e o local no qual desempenham
suas funções passam a ser tratados de uma forma distinta daquela em que eram
vistos pela Teoria Clássica e, finalmente, se começa a pensar nas suas
complexidades.
Com
base nas idéias de Lúcia Bruno (1997) e Chiavenato (2002), observa-se que
dentre as abordagens inauguradas a partir dos anos 60, estão a Teoria
Estruturalista, Teoria Sistêmica, Teoria da Contingência e, em evidencia nesta discussão,
a Teoria do Desenvolvimento Organizacional.
A
Teoria Estruturalista destaca o papel que o ambiente exerce em relação às
organizações. A associação do modo organizacional às opções tecnológicas é
abordada pela Teoria da Contingência. Partindo da idéia de que as organizações
têm uma ligação estreita com o meio ambiente e considerando que o meio externo
é marcado por instabilidades, a chamada Teoria Sistêmica sugere que as
organizações estejam preparadas para as constantes mudanças que possam surgir.
Tendo
em vista que as empresas transnacionais estão intensamente presentes no
contexto atual e que suas características demandam a articulação de esforços
organizacionais e produtivos, é possível considerar, neste caso, as propostas
do Desenvolvimento Organizacional. Este movimento administrativo dedica-se, em
grande parte, à gestão de pessoas em seu relacionamento com as organizações. Diz-se
que o Desenvolvimento Organizacional (DO) é um desdobramento da Teoria
Comportamental e segue em direção à Teoria Sistêmica.
O
Desenvolvimento Organizacional utiliza como base principal a mudança. Este
fator funciona como um meio que facilita a chegada na evolução organizacional. As
variáveis do movimento são: o ambiente, organização, grupo e individuo.
Mais
uma vez retornando à relação entre ambiente e organização, torna-se necessário
dizer que as mudanças que podem ocorrer numa empresa não devem se restringir
apenas às transformações estruturais. Existem dois conceitos que devem
acompanhar os processos de mudança. Assim, temos a cultura organizacional, que
se refere à maneira de viver própria de cada organização. Há também o clima
organizacional que é a atmosfera psicológica interna de uma determinada
empresa. Através desse aspecto organizacional são avaliados os pontos positivos
e negativos e, consequentemente, o que é agradável e desagradável nas condições
de trabalho vivenciadas.
Percebe-se
que estes conceitos, sobretudo o segundo, são mais apropriados para os
ambientes organizacionais mais atuais. As proposições sugeridas para a
modificação da cultura e clima organizacionais pressupõem empresas abertas,
dinâmicas, democráticas e de aceitação das diversas formas participativas. As
mudanças ocorrem mais facilmente através da adaptabilidade, consistência, envolvimento,
visão e objetivos claros.
Além
de ter pressupostos básicos direta ou indiretamente ligados ao fenômeno da
mudança, o Desenvolvimento Organizacional também fala sobre a importância da
interação entre individuo e organização, melhoria da eficácia organizacional e
a variedade de modelos e estratégias existentes nessa abordagem.
Para
responder às questões que surgem e alcançar os objetivos estabelecidos, o
Desenvolvimento Organizacional apresenta técnicas, como por exemplo, o
treinamento de sensitividade, análise transacional (AT), a consultoria de
procedimentos e o desenvolvimento de equipes, reuniões de confrontação e a
retroação de dados. Essas técnicas resultam e são compatíveis com as novas
características das empresas, pois se tornam necessárias para manter o
equilíbrio do ambiente.
Ainda
é importante destacar que na contemporaneidade, conforme as teorias
administrativas sugerem, o trabalhador contribui com a sua capacidade de pensar
nas relações de trabalho, sendo que simultaneamente tem possibilidades de
alcançar seus objetivos e as metas da empresa. Tratar de pensamento é envolver
também aspectos educacionais, e estes, de alguma forma, podem ser avaliados sob
um olhar também administrativo, mesmo que analogias precisem ser realizadas.
Referências
BRUNO,
Lúcia. Poder e administração no capitalismo contemporâneo (cap.1). In____Gestão Democrática de Educação:desafios
contemporâneos,p.15-45.Petrópolis:Vozes,1997.
CHIAVENATO,
Idalberto. Teoria do Desenvolvimento Organizacional (cap.16). In____Teoria Geral da Administração,p.177-229.Rio
de Janeiro:Elsevier,2002.
Tamira Mercês