As
emoções e afetos fazem parte da existência humana. São eles que auxiliam no
processo de manutenção da sobrevivência da espécie, influenciam a construção
histórica e aprendizagem e ajustamento social e, ainda, participam da expressão
da subjetividade e individualidade.
Considerando
as funções desempenhadas pelos estados emocionais e afetivos, é possível dizer
que eles podem ser observados em diversos ambientes. Nesse momento surge a
questão acerca das perspectivas das emoções e afetos do trabalhador.
Antes
de iniciar uma avaliação e discutir as relações entre emoção, afeto e ambiente
de trabalho, é preciso que sejam estabelecidas as definições. O conceito de
emoção encontra-se frequentemente associado às alterações fisiológicas e
corporais vistas como resultado de estímulos internos ou externos, sendo que a
pessoa não estaria totalmente consciente em relação a eles. Já os afetos são,
na maioria das vezes, concebidos como elaborações que passam pelo nível
cognitivo, tendo maior persistência temporal.
Ao
voltar a atenção para os contextos de trabalho, existe a informação de que
estudos envolvendo organizações indicavam que,no interior destas,a cognição se
constituía como foco principal nos processos de trabalho.Contudo,atualmente,sabe-se
que as emoções são indispensáveis nesse contexto,assim como são em outros.A
partir dessa afirmação,considera-se que fatores ou características emocionais e
racionais apresentam-se numa relação de convergência e não de antagonismo
.Trata-se de uma relação de complementaridade.
Ao
fazer uma avaliação aprofundada sobre o funcionamento de uma organização, é
possível perceber que emoção e razão se influenciam entre si. Logo, as ações
planejadas necessitam da existência de emoções para serem colocadas em prática.
Consequentemente, a partir das emoções, novos objetivos e metas podem se
originar mais facilmente.
Diante
da questão suscitada acima pode-se dizer que as inter-relações entre emoções e
razão envolve a perspectiva das emoções como úteis à racionalidade.No
entanto,também propõe-se a perspectiva da emoção como perturbadora da
racionalidade ou ainda uma perspectiva na outra extremidade que percebe mais
intensamente a influência da emoção quando comparada ao papel desempenhado pela
racionalidade nos ambientes organizacionais.Essas duas perspectivas se
aproximam bastante.
A
conciliação entre a razão e a emoção é um dos fatores presentes numa
organização que permite ao trabalhador a redução do estresse, estimulando,
assim, a existência de bem-estar físico, psíquico e social, ou seja, a saúde no
local de trabalho. Aqui, é necessário destacar que a saúde do trabalhador
resulta não apenas da valorização de estados emocionais, mas da combinação de
uma série de fatores.
Hoje
ainda existe um número reduzido de pesquisas acerca das emoções em organizações
formais de trabalho. Ao considerar as pesquisas existentes, torna-se possível
perceber a presença da emoção como reação ás mudanças vivenciadas pela empresa,
por exemplo, ou como mediadora das relações interpessoais e também dos
processos intrapessoais.
O
termo afetividade também ganha destaque. Ele é utilizado para designar o
estabelecimento de vínculos entre as pessoas ou com objetos físicos, bem como é
uma manifestação de emoções e sentimentos. O afeto que o sujeito apresenta numa
organização pode ser decorrente tanto do próprio ambiente organizacional quanto
inerente à vida pessoal do trabalhador.
Relacionada
à afetividade que se origina na vida do trabalhador encontramos os traços
afetivo-emocionais que são traços estáveis na forma de expressar emoções.
Existem também os estados afetivo-emocionais que se referem aos estados de
ânimo, auto-estima e satisfação geral com a vida. Mais especificamente ligadas
ao trabalho estão as chamadas atitudes afetivo-emocionais que incluem
satisfação no trabalho, envolvimento com o trabalho e comprometimento
organizacional afetivo.
Dessa
maneira, a discussão sugere que as emoções e afetos estejam em evidência nas
organizações, e que, além disso, os trabalhadores tenham suporte quando
necessário em relação a essa questão. Também é preciso ter cuidado para que a
emoção não seja transformada em um instrumento do trabalho.
Referência
GONDIM,
Sônia Maria Guedes; SIQUEIRA, Mirlene Maria Matias. Emoções e Afetos no
Trabalho. In: BASTOS, A. Virgílio Bittencourt; BORGES-ANDRADE, Jairo Eduardo;
ZANELLI, J. Carlos. Psicologia,
Organizações e Trabalho no Brasil. Porto Alegre: Artmed editora, 2004.P.207-235.
Tamira Mercês.
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