O
trabalho, no mundo atual, é frequentemente visto como uma atividade ligada à
dignidade humana e aos processos que envolvem os relacionamentos sociais.
Pode-se dizer que o homem enxerga o trabalho como uma das atividades essenciais
a ser realizada diariamente, sendo que alguns sujeitos chegam a afirmar que
mesmo tendo condições financeiras de manter-se e suprir suas necessidades, o
ato de trabalhar seria preservado.
Recentemente,
o exercício do trabalho vem apresentando novas características e formas
organizacionais. O grande valor atribuído ao trabalho está associado,
sobretudo, à sua característica de oferecer meios ao indivíduo de promover sua
qualidade de vida e dos seus familiares e também de permitir o estabelecimento
de vínculos interpessoais no ambiente em que as funções são desempenhadas.
Ao
considerar o quadro apresentado acima, Estelle Morin (2001) em seu artigo “Os
Sentidos do Trabalho”, busca identificar e comentar as características que um
contexto de trabalho apresenta ou deve apresentar para que o indivíduo
visualize os sentidos de estar desempenhando determinada função.
Com
a finalidade de evidenciar os principais aspectos que uma organização deve
englobar, visando o bom desempenho do trabalhador e sua satisfação, Estelle
Morin apresenta dois modelos: o das características do emprego de Hackman e
Oldham e a concepção de sistemas sociotécnicos de Emery e Trist.
A
partir do primeiro modelo são sugeridos cinco princípios em relação às
organizações que são os seguintes: a reunião de tarefas, a formação da unidade
natural de trabalho ou formação de equipes, o estabelecimento de relações entre
os integrantes da organização, o enriquecimento das tarefas, e finalmente os
mecanismos de feedback acerca do desempenho.
A
abordagem sociotécnica, por sua vez, apresenta os aspectos intrínsecos e
extrínsecos do trabalho que podem estimular o comprometimento e motivação do
trabalhador. Os fatores ligados ao trabalho em si apresentam-se de forma
semelhante àqueles apontados pelo primeiro modelo, envolvendo, assim, variedades
e desafio, aprendizagem contínua, reconhecimento e apoio e um futuro desejável.
Os fatores extrínsecos abrangem salário justo e aceitável estabilidade do
emprego, vantagens, segurança e processos adequados.
Para
aprofundar o estudo sobre o sentido do trabalho, o artigo citado baseou-se em
uma pesquisa que se apoiou nos resultados de duas amostras, sendo uma de
estudantes de administração e outra de administradores.
Essa
pesquisa de campo permitiu a observação de que o conceito de trabalho
geralmente é entendido como uma atividade que tem um objetivo, produzindo algo
de natureza útil e com a garantia do recebimento de um salário, ou seja, não há
uma distinção entre o trabalho e o emprego. Este último sim é considerado como
um sistema organizado economicamente. De maneira geral, os estudantes e
administradores que participaram da pesquisa apresentam opiniões positivas
acerca do trabalho, destacando os seus valores de caráter social.
Reafirmando
algumas características já apresentadas pelos modelos acima citados e trazendo
algo mais novo também, a pesquisa de campo com estudantes e administradores
propõe que o trabalho tem sentido a partir do momento em que é feito de maneira
eficiente e tem um produto, quando é intrinsecamente satisfatório e moralmente aceito.
Além disso, o ato de trabalhar precisa estar relacionado com a capacidade de mediar
as experiências de relações humanas, manter uma ocupação e garantir segurança e
autonomia.
Com
isso, as organizações, administradores e àqueles envolvidos em processos de
trabalho precisam se esforçar para alcançar a valorização do trabalho,
integrando as características que fazem parte das expectativas da pessoa que
trabalha.
Referência
MORIN,
Estelle M. Os Sentidos do Trabalho. Rae, v. 41, nº 3, p. 9-19, Jul. / Set. 2001.
Tamira Mercês
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