quarta-feira, 24 de abril de 2013

“Poder e Administração no Capitalismo Contemporâneo” e o Desenvolvimento Organizacional



As organizações do contexto contemporâneo apresentam novas características em relação às formas organizacionais que se constituíram em período anterior à década de sessenta. Devido a esse fato, as teorias administrativas passam, cada vez mais, a propor novas abordagens com um olhar diferenciado para o aspecto do trabalho.

Ao voltar a atenção para as inovações ocorridas no âmbito das organizações, Lúcia Bruno (1997) assinala que existem três fatores a serem considerados. Nesse sentido, as organizações se baseiam na globalização da economia, transnacionalização das estruturas de poder e na reestruturação produtiva.

A partir dessa analise, é possível dizer que o fator da globalização da economia consiste na internacionalização do capital, que é um fenômeno constante desde o inicio do capitalismo. Porém, é importante ressaltar que essa globalização assume diferentes formas no decorrer do tempo. Ou seja, a aceleração da internacionalização do capital se deu no momento da Segunda Guerra Mundial.

Como resultado do processo de globalização da economia surgem três termos importantes que necessitam ser claramente distinguidos. O primeiro termo se refere às multinacionais que se tratam de empresas com atuação em outras economias nacionais, sendo que a sua sede apresenta-se como muito importante. De forma semelhante, o termo internacional é utilizado para designar o inter-relacionamento entre várias nações para que atos de origem nacional sejam colocados em prática. De outra maneira, o uso da palavra transnacional é feito para indicar a inexistência do principio da nacionalidade no cenário organizacional que vem se construindo mais recentemente.

É possível afirmar que as empresas transnacionais se caracterizam pela manutenção de processos mediados pelas tecnologias de informação e de telecomunicações. Também possuem um caráter independente quanto aos governos, pois administram uma economia própria. Vale ressaltar que a transnacionalização do capital traz uma nova configuração acerca da estrutura de poder, sendo que esta ganha uma idéia de democracia participativa, pluricentrada. Isto é, apresenta-se o argumento de que as hierarquias em modelos piramidais e monocráticos devem ser eliminadas.

As pequenas e médias empresas surgem como um relativo contraponto à transnacionalidade. Entretanto, se esclarece que as empresas citadas atuam, justamente, de acordo com os movimentos realizados pelas grandes corporações.

Diante desse quadro, observa-se, então, que as organizações precisam ser pensadas de um modo diferenciado em conformidade com aquilo que está sendo constituído com relação ao ato de trabalhar. Os trabalhadores e o local no qual desempenham suas funções passam a ser tratados de uma forma distinta daquela em que eram vistos pela Teoria Clássica e, finalmente, se começa a pensar nas suas complexidades.
Com base nas idéias de Lúcia Bruno (1997) e Chiavenato (2002), observa-se que dentre as abordagens inauguradas a partir dos anos 60, estão a Teoria Estruturalista, Teoria Sistêmica, Teoria da Contingência e, em evidencia nesta discussão, a Teoria do Desenvolvimento Organizacional.

A Teoria Estruturalista destaca o papel que o ambiente exerce em relação às organizações. A associação do modo organizacional às opções tecnológicas é abordada pela Teoria da Contingência. Partindo da idéia de que as organizações têm uma ligação estreita com o meio ambiente e considerando que o meio externo é marcado por instabilidades, a chamada Teoria Sistêmica sugere que as organizações estejam preparadas para as constantes mudanças que possam surgir.

Tendo em vista que as empresas transnacionais estão intensamente presentes no contexto atual e que suas características demandam a articulação de esforços organizacionais e produtivos, é possível considerar, neste caso, as propostas do Desenvolvimento Organizacional. Este movimento administrativo dedica-se, em grande parte, à gestão de pessoas em seu relacionamento com as organizações. Diz-se que o Desenvolvimento Organizacional (DO) é um desdobramento da Teoria Comportamental e segue em direção à Teoria Sistêmica.

O Desenvolvimento Organizacional utiliza como base principal a mudança. Este fator funciona como um meio que facilita a chegada na evolução organizacional. As variáveis do movimento são: o ambiente, organização, grupo e individuo.

Mais uma vez retornando à relação entre ambiente e organização, torna-se necessário dizer que as mudanças que podem ocorrer numa empresa não devem se restringir apenas às transformações estruturais. Existem dois conceitos que devem acompanhar os processos de mudança. Assim, temos a cultura organizacional, que se refere à maneira de viver própria de cada organização. Há também o clima organizacional que é a atmosfera psicológica interna de uma determinada empresa. Através desse aspecto organizacional são avaliados os pontos positivos e negativos e, consequentemente, o que é agradável e desagradável nas condições de trabalho vivenciadas.

Percebe-se que estes conceitos, sobretudo o segundo, são mais apropriados para os ambientes organizacionais mais atuais. As proposições sugeridas para a modificação da cultura e clima organizacionais pressupõem empresas abertas, dinâmicas, democráticas e de aceitação das diversas formas participativas. As mudanças ocorrem mais facilmente através da adaptabilidade, consistência, envolvimento, visão e objetivos claros.

Além de ter pressupostos básicos direta ou indiretamente ligados ao fenômeno da mudança, o Desenvolvimento Organizacional também fala sobre a importância da interação entre individuo e organização, melhoria da eficácia organizacional e a variedade de modelos e estratégias existentes nessa abordagem.

Para responder às questões que surgem e alcançar os objetivos estabelecidos, o Desenvolvimento Organizacional apresenta técnicas, como por exemplo, o treinamento de sensitividade, análise transacional (AT), a consultoria de procedimentos e o desenvolvimento de equipes, reuniões de confrontação e a retroação de dados. Essas técnicas resultam e são compatíveis com as novas características das empresas, pois se tornam necessárias para manter o equilíbrio do ambiente.

Ainda é importante destacar que na contemporaneidade, conforme as teorias administrativas sugerem, o trabalhador contribui com a sua capacidade de pensar nas relações de trabalho, sendo que simultaneamente tem possibilidades de alcançar seus objetivos e as metas da empresa. Tratar de pensamento é envolver também aspectos educacionais, e estes, de alguma forma, podem ser avaliados sob um olhar também administrativo, mesmo que analogias precisem ser realizadas.

Referências
BRUNO, Lúcia. Poder e administração no capitalismo contemporâneo (cap.1). In____Gestão Democrática de Educação:desafios contemporâneos,p.15-45.Petrópolis:Vozes,1997.

CHIAVENATO, Idalberto. Teoria do Desenvolvimento Organizacional (cap.16). In____Teoria Geral da Administração,p.177-229.Rio de Janeiro:Elsevier,2002.

Tamira Mercês

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