segunda-feira, 8 de abril de 2013

Síntese do texto "A Mecanização assume o Comando"


Do grego ‘organon’ que significa instrumento, deriva- se a palavra ‘organização’, e também o sentido das práticas das organizações ao longo da história humana, a exemplo, as armadas. Com a Revolução Industrial, o conceito de organização foi adaptado ao uso mecanizado. As propostas de divisão do trabalho de Adam Smith, produção em massa de Eli Whitney, administração da organização para uma divisão de trabalho adequada de Charles Babbage, e o ideal de soldados como bonecos mecânicos confiáveis e perfeitamente substituíveis de Frederico, o Grande, dão o tom à origem das organizações mecanicistas.

Max Weber observa o potencial das organizações burocráticas (organizações em que o proceder humano gira em torno da máquina, sendo os humanos, “peças” das máquinas organizacionais) de tirar a ação espontânea – o que poderia gerar formas não democráticas de organização na ordem política –, mas a teoria da administração clássica e administração científica foram constituídas em contraponto.

A teoria clássica visa uma organização com uma precisa combinação entre a descentralização e a centralização. São encorajados a iniciativa e o espírito de união, enquanto que existe a unidade de comando, que consiste em receber ordens de um único supervisor e a disciplina, só admitindo atitudes, até mesmo de respeito, que se enquadrem ao regulamento da organização, nada que ultrapasse os objetivos pré-determinados. Limitando assim toda força criativa das “peças”, que pode mesmo ser considerada uma ameaça ao resultado controlado que se almeja, assim com fez Frederico, o Grande.

A teoria da administração científica tem como pioneiro Frederick Taylor, que defende a divisão entre o planejamento do trabalho e sua execução, atribuindo à mente do gerente, a organização, ao utilizar métodos científicos de seleção às “peças” que mais se encaixam nos cargos e fiscalização, e ao corpo do trabalhador, a execução de maneira eficiente para com o sistema da organização. Enquanto a teoria clássica admite a importância do equilíbrio entre os aspectos humanos e técnicos – mas no final das contas submete a força humana ao traquejo mecânico – a teoria científica deixa claro que a força humana pode e deve ser dividida entre só pensar cientificamente, ou só fazer manualmente, e de natureza amplamente substituível.

Esses “moldes” para administração estão presentes, atualmente, em toda a região do Brasil em que se tenha mão-de-obra com pouco recurso para se manter, e clientes sedentos por resultados imediatos. As redes de refeições rápidas são postas por Morgan como exemplo de avaliação do pessoal individualmente, nesses casos em que o empregado além do trabalho manual, lida com o público, são também ensinadas e ensaiadas atitudes afetivas e seu efeito de qualidade para com o cliente, como sorrir, olhar o cliente nos olhos, acolhida e agradecimento sinceros, e se é expresso o desejo de rever o cliente, com o objetivo de observar se os comportamentos estão aptos para àquela função específica na organização.

A metáfora da máquina de “planeje, organize e controle, controle e controle” só permite que se veja um lado da moeda, que em organizações de empregados submissos estritamente ao que é planejado, e que existe uma tarefa contínua e imutável a ser realizada, a visão mecanicista de trabalho atinge tranquilamente os seus objetivos. Mas não permite que se veja o outro lado da moeda, que em organizações de empregados tratados de maneira desumana, com seus interesses “feridos” pelos interesses da organização – além do efeito de submissão –, e de pouca mobilidade diante de circunstâncias adversas, age de maneira lenta em busca de novas soluções como reflexo do vício em tranquilidade, e, portanto, despreparo para lidar com imprevistos, para o que não pôde ser controlado.

 Referência:

MORGAN, Gareth. A Mecanização assume o Comando. In______ Imagens da Organização. São Paulo: Atlas, 1996. p. 21-41.


Ana Maria

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