Do grego ‘organon’ que
significa instrumento, deriva- se a palavra ‘organização’, e também o sentido
das práticas das organizações ao longo da história humana, a exemplo, as
armadas. Com a Revolução Industrial, o conceito de organização foi adaptado ao
uso mecanizado. As propostas de divisão do trabalho de Adam Smith, produção em
massa de Eli Whitney, administração da organização para uma divisão de trabalho
adequada de Charles Babbage, e o ideal de soldados como bonecos mecânicos
confiáveis e perfeitamente substituíveis de Frederico, o Grande, dão o tom à
origem das organizações mecanicistas.
Max Weber observa o
potencial das organizações burocráticas (organizações em que o proceder humano
gira em torno da máquina, sendo os humanos, “peças” das máquinas
organizacionais) de tirar a ação espontânea – o que poderia gerar formas não
democráticas de organização na ordem política –, mas a teoria da administração
clássica e administração científica foram constituídas em contraponto.
A teoria clássica visa
uma organização com uma precisa combinação entre a descentralização e a
centralização. São encorajados a iniciativa e o espírito de união, enquanto que
existe a unidade de comando, que consiste em receber ordens de um único
supervisor e a disciplina, só admitindo atitudes, até mesmo de respeito, que se
enquadrem ao regulamento da organização, nada que ultrapasse os objetivos
pré-determinados. Limitando assim toda força criativa das “peças”, que pode
mesmo ser considerada uma ameaça ao resultado controlado que se almeja, assim
com fez Frederico, o Grande.
A teoria da
administração científica tem como pioneiro Frederick Taylor, que defende a
divisão entre o planejamento do trabalho e sua execução, atribuindo à mente do
gerente, a organização, ao utilizar métodos científicos de seleção às “peças”
que mais se encaixam nos cargos e fiscalização, e ao corpo do trabalhador, a
execução de maneira eficiente para com o sistema da organização. Enquanto a
teoria clássica admite a importância do equilíbrio entre os aspectos humanos e
técnicos – mas no final das contas submete a força humana ao traquejo mecânico
– a teoria científica deixa claro que a força humana pode e deve ser dividida
entre só pensar cientificamente, ou só fazer manualmente, e de natureza
amplamente substituível.
Esses “moldes” para
administração estão presentes, atualmente, em toda a região do Brasil em que se
tenha mão-de-obra com pouco recurso para se manter, e clientes sedentos por
resultados imediatos. As redes de refeições rápidas são postas por Morgan como
exemplo de avaliação do pessoal individualmente, nesses casos em que o
empregado além do trabalho manual, lida com o público, são também ensinadas e
ensaiadas atitudes afetivas e seu efeito de qualidade para com o cliente, como
sorrir, olhar o cliente nos olhos, acolhida e agradecimento sinceros, e se é
expresso o desejo de rever o cliente, com o objetivo de observar se os
comportamentos estão aptos para àquela função específica na organização.
A metáfora da máquina
de “planeje, organize e controle, controle e controle” só permite que se veja
um lado da moeda, que em organizações de empregados submissos estritamente ao
que é planejado, e que existe uma tarefa contínua e imutável a ser realizada, a
visão mecanicista de trabalho atinge tranquilamente os seus objetivos. Mas não
permite que se veja o outro lado da moeda, que em organizações de empregados
tratados de maneira desumana, com seus interesses “feridos” pelos interesses da
organização – além do efeito de submissão –, e de pouca mobilidade diante de
circunstâncias adversas, age de maneira lenta em busca de novas soluções como
reflexo do vício em tranquilidade, e, portanto, despreparo para lidar com imprevistos,
para o que não pôde ser controlado.
MORGAN, Gareth. A
Mecanização assume o Comando. In______ Imagens
da Organização. São Paulo: Atlas, 1996.
p. 21-41.
Ana Maria
Ana Maria
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