quarta-feira, 29 de maio de 2013

Síntese dos textos Uma nova visão do sofrimento humano nas organizações e Situação da formação e das atividades de trabalho


O ato de trabalhar, geralmente, proporciona benefícios tanto para os trabalhadores quanto para a sociedade como um todo. A pessoa que trabalha tem a oportunidade de visualizar o ambiente de trabalho e a função que desempenha como fontes de prazer. No entanto, existe também a possibilidade de existir sofrimento no trabalho.
Nessa discussão também pode ser tratada a questão dos desafios encontrados pelos psicólogos organizacionais nas instituições em que trabalham. Tais desafios, segundo estudos, não são compatíveis com as orientações fornecidas no processo de formação. Essa informação é constatada, por exemplo,quando percebe-se que a Psicologia enquanto ciência e profissão ainda encontra-se pouco voltada para as organizações como uma possível área de atuação.
Ao abordar a questão do trabalho torna-se necessário estar atento para as situações a partir das quais o sofrimento pode surgir. Nesse sentido, o sofrimento do trabalhador tem origens na sua própria história psíquica.
Para estudar a relação entre trabalho e dinâmica psíquica a disciplina Psicopatologia do Trabalho tem se preocupado em compreender qual o mecanismo que permite que o sujeito mantenha-se na normalidade mesmo quando se depara com os constrangimentos da situação de trabalho. O sofrimento, então, parece mediar essa relação.
Nas organizações podem ser observados alguns tipos de defesa visando à preservação do bom estado da saúde mental e também do trabalho. Dentre essas defesas estão as defesas coletivas e ideologias defensivas de profissão que, conforme as denominações sugerem necessitam da participação de grupos de trabalhadores.Há ainda a chamada repressão pulsional que ocorre sob o modo organizacional da administração científica.Nesse caso,homens e mulheres que trabalham colocam em prática,até mesmo no ambiente exterior à organização,a separação do corpo e do pensamento.
Como já foi dito neste escrito, o sofrimento do trabalhador está associado ao seu processo de constituição como sujeito. Segundo Dejours (1993), a psicanálise possui contribuições importantes sobre este aspecto de organização mental.
Assim, a teoria psicanalítica defende a idéia que a criança começa a sofrer identificando estados de angustia em seus pais ou naqueles que cuidam dela. Ao longo do tempo o ser em construção tenta elaborar a questão da angústia, do sofrimento e das preocupações próprios e daqueles que o rodeiam, mas esses fatos serão como um enigma para o qual sempre se buscará uma explicação sendo este processo definido como epistemofilia.
Ainda se apoiando na teoria psicanálise, diz-se que a criança utiliza o brincar ou mais especificamente o jogo para expressar seu sofrimento. A brincadeira surge como uma espécie de teatro em que as cenas ocorrem junto com os pais. Na vida adulta que, consequentemente, é acompanhada pela inserção no mundo do trabalho, o sofrimento é desencadeado e tenta ser compreendido juntamente com os participantes da empresa, por exemplo.
É importante dizer que o sofrimento e a tentativa de entendê-lo, em alguns casos conduzem a registros de sucesso no trabalho. Nessa ocasião ele é visto como um desafio a ser vencido.
Considerando o modelo taylorista do trabalho, o sofrimento patogênico pode ser associado à divisão do trabalho nas perspectivas de concepção e execução. O sujeito faz um esforço para considerar somente as regras de execução. Esse esforço causa desconforto podendo gerar não apenas doença mental, mas também problemas de ordem física. O sofrimento patogênico, sem dúvidas, reflete de forma negativa sobre a produção.
O quadro de sofrimento patogênico provavelmente se estende às esferas exteriores às organizações. Com isso, é importante estar atento para efeitos sociais em dimensão psicopatológica que o trabalho pode oferecer. Vale ressaltar ainda que o trabalho de caráter patogênico pode ser prevenido ou eliminado através de ações administrativas ou por iniciativa dos próprios trabalhadores que visem espaços de discussão sobre o que acontece diariamente na jornada de trabalho.
Em espaços organizacionais também é importante a presença do psicólogo não apenas para a realização das atividades de seleção e recrutamento. Assim, surgem análises que permitem identificar o que é necessário para que exista um bom relacionamento entre formação e atuação do profissional psicólogo. Um psicólogo bem preparado numa organização pode conduzir a resultados ainda mais positivos no contexto de sofrimento no trabalho.
Referências
ZANELLI, José Carlos. Situação da formação e das atividades de trabalho (cap.1). In____O psicólogo nas organizações de trabalho,p.11-43.Artmed Editora,2002.
DEJOURS, Christophe. Uma nova visão do sofrimento humano nas organizações.In :CHANLAT,Jean-François.O indivíduo na organização:dimensões esquecidas.São Paulo:Atlas,1993.

Tamira Mercês.

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