O
exercício do trabalho com um bom desempenho está frequentemente associado à
motivação que o sujeito pode apresentar em relação ao contexto citado. A
motivação associa-se à idéia da existência de razões que resultam em diferenças
individuais no que se refere à preferência em realizar determinada atividade e
outra não.
Ao
considerar a questão suscitada acima é possível também estabelecer uma relação
entre a motivação e o modo como ela pode se expressar em cada indivíduo. Nesse
sentido, vale ressaltar que existem dois tipos de comunicação, o verbal e o
não-verbal.
No
dia- a- dia, as pessoas costumam comportar-se de acordo com o aspecto corporal,
sendo que as relações sociais são mediadas pela referida expressão que o corpo
é capaz de apresentar.A
linguagem corporal constitui-se como um fator muito importante em diversos
espaços, pois permite que mensagens, determinados significados sejam
transmitidos. Diante dessa questão pode-se dizer que a comunicação também se
estabelece através dos sinais não-verbais emitidos pelo corpo.
Os
sinais não-verbais que resultam da linguagem, conjunto de gestos realizados
pelo corpo são avaliados, buscando-se compreender qual o estado no qual se
encontra um indivíduo. Além de representar algo que não teve uma expressão verbal,
o modo corporal de se comunicar também desempenha o papel de reafirmar os
comportamentos verbais.
Assim,
Feyereisene e Lannoy (1993) assinalam que numa entrevista de emprego, por
exemplo, a utilização de gestos pelo candidato é avaliada com o objetivo de identificar
se ele mostra-se motivado e competente. Os movimentos de cabeça, das mãos,
contatos visuais e postura física associados à sua fala e entonação fazem parte
do processo de seleção.
Ainda
considerando o ambiente de trabalho e colocando em evidência as possíveis
relações de poder, os gestos e posturas podem também transmitir status superior
ou estados de subordinação. No primeiro são observadas o contato corporal com o
interlocutor, gesticulação e caráter distenso da postura.De outro modo,o estado
de subordinação se caracteriza pela inclinação da cabeça para a frente,pelo
aumento na freqüência dos movimentos de autocontato e pelo aumento na
freqüência das posturas corporais.
Retomando
a discussão sobre a motivação, o conceito desta pode ser apresentado como sendo
um processo psicológico básico a partir do qual se origina uma ação que, por
sua vez, se dirige a objetivos. A ação originada caracteriza-se por ser
auto-reguladora, biológica ou cognitivamente persistente no tempo e sua
ativação ocorre por meio de necessidades, emoções, valores, metas e
expectativas.
Pelo
fato de exercer grande importância nos relacionamentos humanos, inclusive nos
contextos organizacionais, a motivação é o foco principal de uma série de
teorias. De acordo com Gondim e Silva (2004), as teorias da motivação podem ser
classificadas com base em três modelos.
O
primeiro modelo afirma que as teorias podem ser divididas em teorias de conteúdo
(a partir das necessidades) ou de processo (ressaltando a tomada de decisões).
Outro modelo, além de considerar os aspectos do anterior, também propõe a idéia
de que a motivação se faz presente mediante reforço ou cognição do indivíduo.
Por fim, o terceiro modelo traz uma concepção totalmente nova em relação aos
modelos 1 e 2,pois visualiza o processo motivacional como a aproximação ou
distância a determinada ação.
Tomando
como referência o primeiro modelo e, ressaltando, inicialmente, a perspectiva
das necessidades, é possível identificar as seguintes teorias que estão
interligadas com estados motivacionais: a teoria de Maslow que organiza as
necessidades hierarquicamente, a teoria ERC de Alderfer que se trata de uma
redefinição da hierarquização proposta anteriormente e a teoria bifatorial de Herzberg,
Mausner e Snyderman que estabelece fatores higiênicos e motivacionais no local
de trabalho, por exemplo.
De
outro lado, então, as teorias que se inserem no grupo que está voltado para as
tomadas de decisão são a teoria da expectância, a teoria do estabelecimento de
metas, a teoria da avaliação cognitiva de Deci e a teoria do fluxo. Pelo
próprio nome atribuído ao grupo em que estão contidas, estas teorias supõem que
o ponto de partida da motivação é o planejamento e realização de uma ação.
Juntamente
com as teorias, ainda é possível avaliar mais profundamente a relação entre a
motivação e o bom desempenho de uma função no trabalho, estando atento para a
influência de fatores como o significado do trabalho, o sistema de recompensas
e punições, o estilo gerencial e psicossocial do trabalho e a compatibilidade
entre valores pessoais e organizacionais. Todos estes fatores funcionam como
mediadores entre os estados motivacionais e o desempenho.
A
partir do diálogo com os autores Ambrose e Kulik (1999), Gondim e Silva (2004)
destacam que existem dois tipos de pesquisa que tem como tema principal a
motivação: o primeiro refere-se às abordagens já conhecidas, portanto, àquelas
que foram apresentadas nas teorias citadas. Por outro lado, existem pesquisas
buscando relacionar a motivação com novos conceitos, a exemplo da criatividade,
grupos e cultura.
Diante
dessa discussão sobre o fenômeno da motivação, torna-se importante dizer que as
pesquisas relacionadas a ele possuem limitações. O fenômeno não é diretamente
observável e requer um posicionamento adequado no tempo e no espaço. Conforme
já foi colocado, as inferências se dão a parir do que se fala e também como o
corpo fala.
Referências
FEYEREISEN, Pierre; LANNOY, Jacques Dominique De.Linguagem do Corpo,gestualidade e comunicação.In :CHANLAT,Jean-François.O indivíduo na organização:dimensões esquecidas.São Paulo:Atlas,1993.
GONDIM,
Sônia Maria Guedes; SILVA, Narbal. Motivação no trabalho. In: BASTOS, A.
Virgílio Bittencourt; BORGES-ANDRADE, Jairo Eduardo; ZANELLI, J. Carlos. Psicologia, Organizações e Trabalho no
Brasil. Porto Alegre: Artmed editora, 2004. p. 145-175.
Tamira Mercês.
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