O trabalho, sem
dúvidas, está associado a possibilidades de mudanças variadas. Ao se referir a
esta questão, as transformações pelas quais passa uma organização,
frequentemente, são relacionadas à evolução da tecnologia. As mudanças que
surgem junto com as inovações tecnológicas apresentam pontos positivos para a
saúde do trabalhador, mas também é preciso estar consciente de que novas
dificuldades podem surgir.
As mudanças no trabalho
consideradas como resultado das invenções tecnológicas oferecem alguns
benefícios às estruturas organizacionais e relações de produção, contribuindo
para o bem-estar e saúde daqueles que trabalham. Nesse momento, é importante
dizer que este componente dos processos de trabalho se torna mais um mecanismo
sobre o qual cada trabalhador exerce suas funções com base no sofrimento
criativo. Esta idéia é proposta por Dejours (2004),quando ele afirma que não há
organização do trabalho sem sofrimento,mas sim aquela que permite sua
superação.
A partir da idéia
proposta acima, é fácil perceber que diante dos avanços tecnológicos, a
organização passa por adaptações e, ao mesmo tempo, conserva alguns aspectos essenciais.
Dejours (2004) assinala que as possíveis mudanças numa organização têm como
ponto de partida as relações intersubjetivas e a existência de um espaço de
entendimento.
Nessa discussão pode-se
falar também que o estabelecimento de mudanças influencia e é influenciado
pelos atos de falar e ouvir em diferentes ocasiões, que são especialmente
planejadas pelos membros da organização. Isto é, os funcionários sentem-se
estimulados pelas novidades e, consequentemente, é possível visualizar que há
motivação para oferecer contribuições ao local de trabalho.
Pensar em
mudanças,segundo Dejours,requer reformular as próprias concepções que são
atribuídas aos assalariados. Esse é um aspecto bastante relevante, pois em
alguns casos os trabalhadores são vistos como indiferentes em relação às
mudanças. A solução para este problema envolve o reconhecimento das causas do
desengajamento do profissional e também o fornecimento da oportunidade de
verificação das retribuições que podem ser alcançadas.
Um fator contrário à
indiferença - a denúncia - também pode gerar uma resistência às iniciativas de
transformação. Uma alternativa para esta situação é considerar e demonstrar às
organizações sindicais que trabalhar significa viver uma experimentação social.
Antes de ser contrário às inovações, é preciso conhecer as condições propostas.
O desengajamento
originado tanto da renúncia quanto da indiferença não poderia ser resolvido a
partir da redução do tempo que é dedicado ao trabalho. Isso se deve ao fato de
que relações internas e externas da organização estão em constante ligação.
Ao aproximar-se de uma
breve conclusão torna-se importante ressaltar que a esfera do trabalho
necessita de pessoas que valorizem a cooperação e estejam dispostas a
desenvolver as atividades da organização. Nessa ocasião, destaca-se a
complementaridade entre a vida pessoal do sujeito e as experiências vivenciadas
no trabalho. O trabalho desempenhado por uma pessoa está associado às suas expectativas,
sendo que o ato de trabalhar deve ser entendido como uma atividade útil e com
objetivo que, muitas vezes, não engloba a tarefa prescrita, e encontra-se sob o
olhar de uma coordenação.
Dessa maneira,
sugere-se que o trabalho e o seu conceito devem ser objeto de reflexões,
enquanto as mudanças relacionadas a ele podem ser vistas de acordo com as
características básicas que o compõe.
Referência
DEJOURS, Christophe. Entre
sofrimento e reapropriação: o sentido do trabalho. In: LANCMAN, Selma; SZNELMAN, Laerte I. (org.). Christophe Dejours:
Da psicopatologia à psicodinâmica do
trabalho. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2004.
Tamira Mercês
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