segunda-feira, 8 de julho de 2013

Síntese do texto “Entre sofrimento e reapropriação: o sentido do trabalho”

O trabalho, sem dúvidas, está associado a possibilidades de mudanças variadas. Ao se referir a esta questão, as transformações pelas quais passa uma organização, frequentemente, são relacionadas à evolução da tecnologia. As mudanças que surgem junto com as inovações tecnológicas apresentam pontos positivos para a saúde do trabalhador, mas também é preciso estar consciente de que novas dificuldades podem surgir.

As mudanças no trabalho consideradas como resultado das invenções tecnológicas oferecem alguns benefícios às estruturas organizacionais e relações de produção, contribuindo para o bem-estar e saúde daqueles que trabalham. Nesse momento, é importante dizer que este componente dos processos de trabalho se torna mais um mecanismo sobre o qual cada trabalhador exerce suas funções com base no sofrimento criativo. Esta idéia é proposta por Dejours (2004),quando ele afirma que não há organização do trabalho sem sofrimento,mas sim aquela que permite sua superação.

A partir da idéia proposta acima, é fácil perceber que diante dos avanços tecnológicos, a organização passa por adaptações e, ao mesmo tempo, conserva alguns aspectos essenciais. Dejours (2004) assinala que as possíveis mudanças numa organização têm como ponto de partida as relações intersubjetivas e a existência de um espaço de entendimento.

Nessa discussão pode-se falar também que o estabelecimento de mudanças influencia e é influenciado pelos atos de falar e ouvir em diferentes ocasiões, que são especialmente planejadas pelos membros da organização. Isto é, os funcionários sentem-se estimulados pelas novidades e, consequentemente, é possível visualizar que há motivação para oferecer contribuições ao local de trabalho.

Pensar em mudanças,segundo Dejours,requer reformular as próprias concepções que são atribuídas aos assalariados. Esse é um aspecto bastante relevante, pois em alguns casos os trabalhadores são vistos como indiferentes em relação às mudanças. A solução para este problema envolve o reconhecimento das causas do desengajamento do profissional e também o fornecimento da oportunidade de verificação das retribuições que podem ser alcançadas.

Um fator contrário à indiferença - a denúncia - também pode gerar uma resistência às iniciativas de transformação. Uma alternativa para esta situação é considerar e demonstrar às organizações sindicais que trabalhar significa viver uma experimentação social. Antes de ser contrário às inovações, é preciso conhecer as condições propostas.

O desengajamento originado tanto da renúncia quanto da indiferença não poderia ser resolvido a partir da redução do tempo que é dedicado ao trabalho. Isso se deve ao fato de que relações internas e externas da organização estão em constante ligação.

Ao aproximar-se de uma breve conclusão torna-se importante ressaltar que a esfera do trabalho necessita de pessoas que valorizem a cooperação e estejam dispostas a desenvolver as atividades da organização. Nessa ocasião, destaca-se a complementaridade entre a vida pessoal do sujeito e as experiências vivenciadas no trabalho. O trabalho desempenhado por uma pessoa está associado às suas expectativas, sendo que o ato de trabalhar deve ser entendido como uma atividade útil e com objetivo que, muitas vezes, não engloba a tarefa prescrita, e encontra-se sob o olhar de uma coordenação.

Dessa maneira, sugere-se que o trabalho e o seu conceito devem ser objeto de reflexões, enquanto as mudanças relacionadas a ele podem ser vistas de acordo com as características básicas que o compõe.

Referência
DEJOURS, Christophe. Entre sofrimento e reapropriação: o sentido do trabalho. In: LANCMAN, Selma; SZNELMAN, Laerte I. (org.). Christophe Dejours: Da psicopatologia à psicodinâmica do trabalho. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2004.

Tamira Mercês


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